5.4.04

E vai crescendo e acumulando aquela sensação que temos antes de chorar. O estômago vai tentando colocar para fora o que quer que tenha dentro dela, o peito dói quando leio escrito, a cabeça foge quando os olhos não conseguem ver porque já estão molhados.

Então, eu insisto em tentar prender, mas já é tarde demais. Desabo-me em lágrimas e tento tornar-me cada vez menor na esperança de que eu possa sumir. Encolho-me no pequeno espaço situado entre minha cama e a porta e coloco a cabeça nos joelhos, fazendo com que eu me torne uma pequena bola, contraíndo-me contra a parede, como se eu pudesse juntar-me a ela.

Ao lado de mim, fica o telefone jogado no chão. E eu tomo cuidado para que as lágrimas não caiam em cima dele, pois elas vêm como pequenas cachoeiras que corroem meu rosto e o deixam marcado.

Está entre parênteses o que eu não gostaria de ler, mas está escrito, está doendo, e parece ser a sentença - mas sempre foi um problema meu interpretar demais. Eu sempre tive problemas demais.

No som: Coldplay - Shiver

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