7.2.04

Uma brisa andou soprando, dessa vez, não suavemente pelos becos. Essa brisa, assim como a outra, conta a todos seu nome. Dessa vez, quase todas as pessoas escutam. Quando ouvi o nome, não consegui esboçar outra reação a não ser um rosto choroso, onde uma lágrima lentamente escorreu.

A brisa, percebendo que estava eu a ter uma reação pouco comum para ela - mesmo esperando isso de todas as pessoas que ouviam-na e concentiam - pôs-se a conversar comigo. Disse-me que era normal e que geralmente todos não se sentiam bem com ela. E disse sofrer por conta disso, pois não queria ser um peso tão grande quanto as pessoas creditam.

Eu, dessa vez sem saber o que falar, perguntei um simples "Por que?".

A resposta era óbvia - ela não queria ver os outros sofrendo, não gostaria de estar estampada no rosto melancólico de todo verdadeiro artista, de toda pessoa que exprime-se por conta dela. Apesar de ser famosa, apesar muitos a conhece-la, poucos a exploravam da maneira que deveria ser explorada.

Disse-me sentir falta dos grandes romanticos que algumas vezes viam nela o poder para seguir em frente. Disse-me que as cidades grandes estavam corrompendo-a e que ela não sabia mais o que fazer.

Eu disse, então, que ela seguisse seu caminho e que sua expressão era bonita - apesar de doer.

A brisa não sorriu, mas também não chorou: preferiu fitar-me e dar uma palmadinha quente nas costas. E pôs-se a voar novamente para contar seu nome a outras pessoas, pois ela mesma sofria do mal que era seu nome.

E chorava silenciosamente em seu vento quente quando muitos a gravavam com lamúrias associadas a outra brisa que muitas vezes não está presente na vida de ninguém.

5.2.04

Uma brisa anda soprando suavemente pelos becos. Essa brisa conta a todos que passa seu nome mas a maioria não quer entender e duvida muito que ela não esteja de brincadeira. Eu escutei o nome e, ainda que pense como a maioria das pessoas, não consigo deixar um pequeno sorriso esconder-se em meu rosto e passo a andar pelas ruas com a cara um pouco torta.

A brisa, percebendo que estava eu a sorrir, parou seu movimento usual e pôs-se a conversar comigo. Disse-me para que não me iluda, que muitos acreditam que ela não existe mais, entre tantas outras coisas. Isso deixou-me um pouco abalado, mas nada conseguia tirar aquela forma estranha de meu rosto.

O suave vento também contou-me que havia iludido muita gente, inclusive pessoas que ela achou bom ter enganado, no passado, mas que eu não merecia tal ilusão.

Respondi apenas que prefiro viver dessa maneira e que sou feliz assim. Estava decidido a mudar o jeito de pensar da brisa. Portanto, perguntei se ela se sentia bem.

Ela respondeu-me que não, pois ninguém acreditava nela. Ela sofria bastante, mesmo estando muitas vezes errada. Suas intenções eram boas - eu percebi isso. Logo, eu apenas disse a ela que continuasse soprando seu nome. Poucos poderiam realmente compreender o que ela era, mas esses poucos saberiam dar o sorriso torto que eu, em vão, tentava esconder, por minha própria ceticidade.

E ela deu um pio de alegria e saiu a distribuir beijos frios em minha bochecha, agradecendo a atenção e que ela seria melhor depois daquilo. Eu disse a ela que não sabia se eu seria melhor depois, mas que o que ela disse condizia com o que sentia no meu coração.

Tudo isso, apenas porque a Brisa disse-me seu nome e seu nome era tão bonito...

3.2.04

Roubaram o carro do Matheus pela segunda vez. Conseguiram retirar o resto do rádio - haviam tirado apenas a painel num furto anterior - sendo que eu saí perdendo também: meu tão amado Agætis Byrjun estava dentro do cd-player...

Well, what can i say? Shit happens.

Nos veremos em breve - no show da Lírio Branco, espero. :)