24.6.04

O novo disco do Sondre Lerche é sensacional. Two Way Monologue é o nome, e é também o nome da melhor música do disco, onde ele consegue mostrar todas suas influências, que vão desde a música brasileira, os Beach Boys e o indie rock. Isso sem contar que o disco tem um trabalho primoroso de produção - os arranjos são bem trabalhados, desde os corais à lá beach boys até os arranjos de cordas. Tudo montadinho, tudo perfeitinho.

É daqueles discos que a gente escuta, escuta e escuta e a cada escutada ele faz melhor para nós. E eu estava precisando de um disco tão gostoso e alto astral como esse. Isso sem contar que a voz de Lerche continua a mesma - uma voz suave de ouvir.

23.6.04

Cabeça fora do lugar, surtos estranhos, indecisão, medo, tristeza, fuga, bebedeira, cigarros, simplicidade. Não poderia acontecer de outra maneira: adoeci.

De tantos problemas na cabeça, meu corpo acabou por enfraquecer e eu contraí a gripe - a sensação do momento. Me sinto fraco, meu nariz está entupido, a cabeça tomba, minha garganta reclama. Isso sem contar os sintomas psicológicos que ainda me aflingem. E vão demorar a parar.

Mas uma coisa é curiosa: essa malade fez com que eu me acalmasse um pouco. Os movimentos estão mais lentos, o corpo pede por descanço. Com meu cérebro não é diferente. Mas acho que esse vírus apareceu para que eu me acalmasse. E está conseguindo de maneira primorosa.

Plus, I really need(ed) a break.

Agora que estou mais calmo - mesmo que de maneira forçada - alguns pensamentos sumiram de minha cabeça. Como uma peneira no suco de laranja (oke, sei que existem pessoas que preferem sem a peneira. mas não é legal variar um pouco? Eu mesmo, muitas vezes, tomo suco de laranja não coado). O suco fica mais ralo e as impurezas foram quase todas embora.

O problema é se existe uma laranja podre na composição do suco.

Haha, não é a primeira vez que eu faço uma metáfora usando frutas. Realmente, é bem simples. Eu estou me repetindo de novo, mas isso não é tão importante agora... Talvez eu fale mais sobre isso num post futuro, mas esse aqui não merece isso.

Estou escutando o disco do Mew. Não o escutava fazia muito tempo. Antes de ontem, um amigo meu disse-me que Mew é shoegaze revival. Eu concordo com ele em parte. Falta ao Mew a ambição de brincar com texturas musicais, como fez o Slowdive. Falta, também, um apurado gosto para o pop como o caso do Ride ou do Catherine Wheel. Falta a genialidade de um Kevin Shields.

Mas o Frengers é apenas o primeiro disco da banda. Vamos ver para onde esses europeus vão evoluir. O caminho mais claro é a música eletronica, então por favor tomem outro caminho e me surpreendam. Mas com bom gosto, por favor.

Não, esse post não é um post felizinho como muitos podem achar. Esse é apenas um post falando dos mesmos assuntos de maneira diferente. Assim como eu, minha maneira de escrever está mudando radicalmente.

A única coisa que em mim permanece imutável poucas pessoas conhecem.

21.6.04

Daqui a pouco eu começo a reclamar de novo nesse blog. Estou sentindo ferver dentro de mim algo do passado, algo que, talvez, nunca tenha morrido e que, volta e meia, insiste em me atordoar. As vezes vem como um vômito, que consigo segurar. As vezes não - vem como um vulcão entrando em erupção, onde o que é cuspido muitas vezes fede mais que o vômito e arde mais que magma. E ao cair no chão, borbulha como aqueles líquidos verdes de desenho animado que assistíamos quando éramos crianças. A diferença é que esse líquido é real e nocivo. Corroi como ácido sulfúrico.

E aí, meus amigos, o estrago já está feito, e não há nada mais que possa ser feito. As paredes já foram corroídas, o líquido já está lá.

Muitas vezes, outro líquido vaza de outro compartimento corpóreo, esse não tão aberto como a boca. Seu movimento é sutil, seu gosto azedo. Mas, ainda assim, vem em abundância, ainda mais quando não se consegue expressar o que realmente sente, ou quando as palavras fogem, ou quando você sente falta daquilo que nunca mais poderá ter, ou quando comete os mesmos erros de sempre. et cetera.

Eu desisto. Eu não aguento mais essa minha cabeça fervilhando pensamentos, não aguento ter que pensar pelos outros e receber os problemas dos mesmos sem que ao menos uma pessoa dedique o tempo dela para mim.

Tá, vocês já entenderam tudo, eu sou previsível demais. Eu estou com uma crise braba de solidão e eu estou sendo direto como geralmente nunca sou. Parece-me que as metáforas bonitinhas que vinha usando antes são nada mais, nada menos, que merda. Isso mesmo.

Eu estou começando a ficar com raiva de quem sou. Vontade de mudar totalmente tudo, mas sem poder.

Eu me cansei. Tenho altas vontades que sei não vou cumprir. E todos parecem felizes demais, todos parecem agradecidos demais. Tudo parece hipócrita demais, como se estivessem sempre rindo às minhas costas e isso dói. Uma mistura paranóica de algo indevido no momento indevido.

Que bom que o período está acabando. Assim terei mais tempo para sair dessa gaiola que os entendidos chamam de "indie" ou "underground".

Não liguem. Eu estou surtado. Tem mais de duas semanas.

20.6.04

Ganhei um violão muito fera de aniversário. É um Takamine de aço. Para quem não entende nada de violão, isso significa que as cordas são de aço, não o violão.

Ele é eletro-acústico, logo, o usarei nos shows da Lírio Branco. As musicas começaram a brotar também, afinal, é um novo instrumento e sempre aparecem coisas novas quando estou tocando num instrumento diferente - acreditem se quiser. Aconteceu assim com "meia cinza", música da Lírio Branco, composta basicamente no yamaha de aço de meu tio.

Eu poderia ficar falando horas e horas do meu presente (tá, estou parecendo uma criança, mas, se tem uma coisa que me deixa feliz, são instrumetos musicais. Ainda mais quando são novos e meus) mas existem outros assuntos a serem tratados.

Eu vou pegar as matérias do curso de letras no próximo periodo. Acho legal essa mudança - estou me sentindo cada vez mais insatisfeito ao fazer as coisas que fazia antes. Parece que o gosto por elas vai morrendo lentamente.

Antigamente, mudar era mais fácil. As mudanças vinham naturalmente. Agora, parece que terei que procurar por elas e isso cansa muito. Embora isso também seja uma mudança, o que me deixa feliz.

Minha festinha de aniversário foi um sucesso, como a do ano passado. Pessoas diferentes esse ano, porém. E as pessoas que convidei ano passado que não foram, vieram esse ano. Fun, fun, fun.

Finalmente estou conseguindo me ajeitar depois de tanto tempo.

Bem, é isso. Mais depois.