13.11.03

As quatro estações de Vivaldi

A bola de neve já explodiu e agora os problemas estão derretendo como gelo numa tarde quente de verão. Houve um tempo em que achei que sempre continuaríamos no passado inverno, onde a bola de never continuaria a permanecer, mesmo estando desfalecida sob uma árvore de galhos mortos, suplicando por sol e calor. Agora não mais. O gelo está derretendo, o sol está aparecendo e, por mais que isso possa trazer algumas consequências que ainda não têm solução, brevemente tudo estará florido, quando chegar a primavera.

Mas a estação pela qual eu realmente espero é o outono. Onde as árvores amadurencem, as primeiras nuvens chegam, as folhas envelhecidas caem e o ar grita inteligentemente o que está por vir. Dessa vez eu deveria escutar o ar. Seu grito murmurado nos fala muito mais do que o calor exuberante do verão, muito mais do que a beleza doce da primavera e muito mais que o baque violento do inverno.

O outono é a estação da reflexão, dos pensamentos, do clima ameno, da concretização e amadurecimento de todos os seres vivos. É o momento onde nos preparamos para as viscissitudes, onde nos armamos para o caos que está por vir.

Muitas pessoas nunca passaram por um outono. Mal sabem o que estão perdendo. Nunca pararam para escutar o ar. Nunca pararam para observar a beleza marrom e verde-musgo sincera. Nunca perceberam a beleza de pensar. E ainda acham que a maturidade vem com o florescer. Se enganam. Maturidade vem com a realização do ciclo, com o preparo e com a ponderação. O outono demonstra justamente isso. Ponderação, pensamentos, lamentos felizes, esperança.

Como eu queria que sempre fosse outono. Estamos entrando no verão e está na hora de escutar o sol. Mas o sol nunca passa do razo. Ele não tem nada além de um calor razo. Discordem de mim, falem o que quiser. A estação primordialmente perfeita chama-se outono.

Será que, apesar de estarmos entrando no verão, as pessoas estão entrando num estado de espírito outunal? Realmente espero isso. Espero sinceramente que todos possamos achar as respostas, que possamos refletir, que possamos nos preparar para qualquer um dos infortúnios que as outras estações venham nos pregar. Por melhores ou piores que sejam.
Acabei de tirar minhas meias. Estou em casa, com calor e cansado. Meu ar condicionado está com o filtro podre de sujeira e eu acho melhor não ligá-lo pois não quero contrair nenhuma doença pulmonar. Logo, fico suando. Fico com calor. E os líquidos que saem de meu corpo não me deixar relaxar. Parece que estou melado o tempo inteiro, que tudo está sujo, que a poeira fica sempre no ar. Estou ouvindo The Sea and Cake e esse som está me pedindo um mergulho numa piscina gelada, ao lado de um coquetel gelado de frutas - alcoólico, de preferência. As músicas também me pedem para que eu fique mais um pouquinho com calor, pois ela é quente. Soa-me como um jazzista fusion num banquinho de praia a contemplar o mar e o calor. Mas ainda assim, existe a sujeira inerente ao calor. E o calor suja o corpo e o corpo não mais reage como corpo. Fica mole, molenga, como uma gelatina a derreter num forno de microondas constantemente ligado na potência máxima. E o Rio de Janeiro vive a fritar os pés das pessoas nos asfaltos com o calor e vive a nos tirar a alma com seus pagodes e chopinhos gelados característicos.

Tudo isso apenas para dizer: eu odeio morar nos trópicos.

11.11.03

Acabei de ler um post no blog do Elton (o link está aí ao lado) que gostei e me identifiquei muito. Ele fala que a melhor coisa que se tem para escutar no rádio são as ondas eletroestáticas. AM. Cacofonias sonoras como pequenas sinfonias chiadas e barulhentas subvertendo a audição. Leiam. Recomendo totalmente.

(Elton, você escreve bem, meu rapaz.)

Eu deveria fazer um texto sobre alguma coisa conceitual, mas ultimamente estou com um artist block absurdo. Nada realmente vem na minha cabeça em termos de criatividade. Eu realmente preciso de mais tempo para minha pessoa - ou, quem sabe, menos tempo. Ando não fazendo quase nada. Fico parado, pensando, não consigo produzir, não consigo pensar, não consigo, não consigo, não com, sigo. Sigo adiante mesmo que fique tropeçando em minhas próprias pernas tentando achar alguma solução para minha ociosidade não tão momentânea.

Sinto meus pés quando eles tocam o chão, vejo e as folhas caindo lentamente das árvores, escuto o leve ruído do vento, sinto o cheiro do molhado e minha saliva parece mais amarga do que nunca em minha boca. As sensações estão boas. Estou no chão. Estou sentindo. At last. Estava com saudades.

- Que bom que você voltou.
- Você sabe que vai doer depois.
- Mas eu prefiro te ter e doer do que não te ter e não sentir.
- Você vive em seu mundo e não percebe o que acontece ao seu redor. Toque, cheire, deguste, veja, escute.
- Os 5 sentidos? Pensei tê-los sobreposto.
- Sem eles, você nunca irá perceber as camadas que estão por trás dos outros sentidos. Eles não tudo. Mas são a chave para a descoberta de todos os outros.
- Sentir de novo é uma missão nova a ser tomada então.
- Quando você pisa numa poça d´água, você sente seus pés molharem. Deixe que a umidade entre por suas entranhas, te corroa até que você não saiba mais o que é água e o que é pé.
- Até que eu possa me tornar um com a água.
- Até que o simples toque entre nós dois possa nos transformar em um só ser.
- E assim teremos paz.
- E assim teremos plenitude.

10.11.03

Passei o final de semana da casa da menina que decidiu fechar o blog dela e foi realmente divertido. Assim que chegou em casa - hoje, 1 da manhã - minha mãe vem falar comigo que eu devo ter um limite, que estou dormindo muito fora de casa, bla bla bla...

Achei realmente estranho ela vir com esses papos. Preferi ignorar. Se bem que eu deveria ouvi-la. Ela sempre é muito ponderada e tem coisas interessantes a dizer...

ouvindo super furry animals - the international language of screaming

cara... nao tem nada para falar aqui...

acho que vou encher linguiça escrevendo um bando de "no"

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