Uma brisa andou soprando, dessa vez, não suavemente pelos becos. Essa brisa, assim como a outra, conta a todos seu nome. Dessa vez, quase todas as pessoas escutam. Quando ouvi o nome, não consegui esboçar outra reação a não ser um rosto choroso, onde uma lágrima lentamente escorreu.
A brisa, percebendo que estava eu a ter uma reação pouco comum para ela - mesmo esperando isso de todas as pessoas que ouviam-na e concentiam - pôs-se a conversar comigo. Disse-me que era normal e que geralmente todos não se sentiam bem com ela. E disse sofrer por conta disso, pois não queria ser um peso tão grande quanto as pessoas creditam.
Eu, dessa vez sem saber o que falar, perguntei um simples "Por que?".
A resposta era óbvia - ela não queria ver os outros sofrendo, não gostaria de estar estampada no rosto melancólico de todo verdadeiro artista, de toda pessoa que exprime-se por conta dela. Apesar de ser famosa, apesar muitos a conhece-la, poucos a exploravam da maneira que deveria ser explorada.
Disse-me sentir falta dos grandes romanticos que algumas vezes viam nela o poder para seguir em frente. Disse-me que as cidades grandes estavam corrompendo-a e que ela não sabia mais o que fazer.
Eu disse, então, que ela seguisse seu caminho e que sua expressão era bonita - apesar de doer.
A brisa não sorriu, mas também não chorou: preferiu fitar-me e dar uma palmadinha quente nas costas. E pôs-se a voar novamente para contar seu nome a outras pessoas, pois ela mesma sofria do mal que era seu nome.
E chorava silenciosamente em seu vento quente quando muitos a gravavam com lamúrias associadas a outra brisa que muitas vezes não está presente na vida de ninguém.
7.2.04
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