5.2.04

Uma brisa anda soprando suavemente pelos becos. Essa brisa conta a todos que passa seu nome mas a maioria não quer entender e duvida muito que ela não esteja de brincadeira. Eu escutei o nome e, ainda que pense como a maioria das pessoas, não consigo deixar um pequeno sorriso esconder-se em meu rosto e passo a andar pelas ruas com a cara um pouco torta.

A brisa, percebendo que estava eu a sorrir, parou seu movimento usual e pôs-se a conversar comigo. Disse-me para que não me iluda, que muitos acreditam que ela não existe mais, entre tantas outras coisas. Isso deixou-me um pouco abalado, mas nada conseguia tirar aquela forma estranha de meu rosto.

O suave vento também contou-me que havia iludido muita gente, inclusive pessoas que ela achou bom ter enganado, no passado, mas que eu não merecia tal ilusão.

Respondi apenas que prefiro viver dessa maneira e que sou feliz assim. Estava decidido a mudar o jeito de pensar da brisa. Portanto, perguntei se ela se sentia bem.

Ela respondeu-me que não, pois ninguém acreditava nela. Ela sofria bastante, mesmo estando muitas vezes errada. Suas intenções eram boas - eu percebi isso. Logo, eu apenas disse a ela que continuasse soprando seu nome. Poucos poderiam realmente compreender o que ela era, mas esses poucos saberiam dar o sorriso torto que eu, em vão, tentava esconder, por minha própria ceticidade.

E ela deu um pio de alegria e saiu a distribuir beijos frios em minha bochecha, agradecendo a atenção e que ela seria melhor depois daquilo. Eu disse a ela que não sabia se eu seria melhor depois, mas que o que ela disse condizia com o que sentia no meu coração.

Tudo isso, apenas porque a Brisa disse-me seu nome e seu nome era tão bonito...

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