As quatro estações de Vivaldi
A bola de neve já explodiu e agora os problemas estão derretendo como gelo numa tarde quente de verão. Houve um tempo em que achei que sempre continuaríamos no passado inverno, onde a bola de never continuaria a permanecer, mesmo estando desfalecida sob uma árvore de galhos mortos, suplicando por sol e calor. Agora não mais. O gelo está derretendo, o sol está aparecendo e, por mais que isso possa trazer algumas consequências que ainda não têm solução, brevemente tudo estará florido, quando chegar a primavera.
Mas a estação pela qual eu realmente espero é o outono. Onde as árvores amadurencem, as primeiras nuvens chegam, as folhas envelhecidas caem e o ar grita inteligentemente o que está por vir. Dessa vez eu deveria escutar o ar. Seu grito murmurado nos fala muito mais do que o calor exuberante do verão, muito mais do que a beleza doce da primavera e muito mais que o baque violento do inverno.
O outono é a estação da reflexão, dos pensamentos, do clima ameno, da concretização e amadurecimento de todos os seres vivos. É o momento onde nos preparamos para as viscissitudes, onde nos armamos para o caos que está por vir.
Muitas pessoas nunca passaram por um outono. Mal sabem o que estão perdendo. Nunca pararam para escutar o ar. Nunca pararam para observar a beleza marrom e verde-musgo sincera. Nunca perceberam a beleza de pensar. E ainda acham que a maturidade vem com o florescer. Se enganam. Maturidade vem com a realização do ciclo, com o preparo e com a ponderação. O outono demonstra justamente isso. Ponderação, pensamentos, lamentos felizes, esperança.
Como eu queria que sempre fosse outono. Estamos entrando no verão e está na hora de escutar o sol. Mas o sol nunca passa do razo. Ele não tem nada além de um calor razo. Discordem de mim, falem o que quiser. A estação primordialmente perfeita chama-se outono.
Será que, apesar de estarmos entrando no verão, as pessoas estão entrando num estado de espírito outunal? Realmente espero isso. Espero sinceramente que todos possamos achar as respostas, que possamos refletir, que possamos nos preparar para qualquer um dos infortúnios que as outras estações venham nos pregar. Por melhores ou piores que sejam.
13.11.03
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