12.12.03

são 4:10 da manhã. e as palavras parecem fugir. como crianças de 10 anos de idade, correndo e gritando, hiperativas e hipersensíveis. os símbolos olham para mim, dão risada, botam a língua para fora, fazem caretas como se dissessem "você não me pega! lá lá lá lá lá!".

a letra "Q" parece gozar-me infinitamente. estica o rabinho, ora comprido, ora curtinho, ora cruzando sua barriguinha, ora riscando-se animadamente. ainda fica a brincar com o fonema de sua própria personalidade; "o que?" "o que?". solta gritinhos de prazer ao ver que não consigo domá-la ou entendê-la. e vai embora cantarolando, definindo todas as famílias tipográficas do planeta terra.

e agora, o que faço? o assunto fugiu-me. uma palavra em caixa-alta deu a meia volta e foi assombrar os sonhos de alguém que não eu. que palavra? TEMA. ela saiu andando com suas perninhas, toda desengonçada, chegava a ser engraçado de ver. mas ela fugiu.

meu companheiro agora é a calma, embora eu não esteja tão calmo assim. mas a calma, com seus dois "a"s, fica a cantar canções para apaziguar meu espírito.

foge-me de novo. o TEMA está começando a me chatear. desengonçado, mas corre pra burro!

quer saber? eu preciso é de um cigarro.
da-me um cigarro?
não.
me da um cigarro.

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