26.5.04

Eu me imagino andando por uma rua, vestindo um paletó à maneira antiga, e um chapéu Charlie Chaplin. Me imagino carregando uma maleta - o que existe dentro dela não posso dizer, porque nem eu sei.

Está chovendo, tornando todo ambiente - este, por sinal, bem desértico, onde apenas o que se vê é o asfalto molhado e alguns postes de iluminação aqui e ali - cinza. Piso em uma poça d'água atrás da outra, apenas para brincar sozinho.

Uma hora me canso da brincadeira, uma hora me canso de andar para lugar algum. Então eu paro. No meio da chuva e sem um guarda chuva, esperando algo acontecer.

Quando resolvo olhar as horas, percebo que o relógio não mais funcionava. Estou perdido no meio de uma rua molhada, no meio do nada, onde a chuva atormenta-me os pensamentos, onde o frio começa a abalar-me e tudo que eu peço é um pouco de sol.

Volto a andar pois vejo que ficar parado também não adianta. Tropeço e vejo o conteúdo da pasta perder-se ao cair na pavimentação molhada: desenhos meus. fotos minhas.

Por que guardava-os dentro de uma pasta? A única resposta que vem a minha cabeça é que eu gostaria de vendê-los a alguém que se interessasse pelo trabalho de alguém molhado e que não chega a lugar algum andando pela mesma pista molhada e cinza.

Alguém me dá uma toalha e uma carona para o dinner mais próximo?

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