21.10.03

Depois de muito me estressar, depois de muito chorar, depois de muito me questionar, parece que as coisas finalmente estão se acertando e eu estou voltando a ser a pessoa que sempre fui. Obviamente, não saí "impune" de tudo que vivi nesse curto período de tempo - eu mudei em muitos quesitos, inclusive um pouco na minha personalidade.

Eu achava que era impossível mudar a personalidade de um sujeito que já tem 20 anos de vida completados, mas percebi que isso não estava certo. É sempre possível mudar, independente da idade que você tenha. É sempre possível melhorar, rever seus conceitos negros e questionar-se. Sempre achei fundamental questionar e acho, inclusive, que o questionamento faz parte da inteligência e que todas as pessoas com uma mente um pouquinho apurada vivem a fazer perguntas para si mesmo.

Esse ano, como eu havia previsto, está sendo de limpeza para todos. Tudo está mudando. Para bom ou para ruim, não sei dizer. Mas eu posso ser agradecido por tudo estar voltando aos eixos. Sinto-me mais forte, mais corajoso - embora eu nunca tenha sido - e mais feliz. É claro, é necessário que eu reveja meus conceitos sobre felicidade, que são por demasiado tristes.

Será mesmo que a felicidade é momentãnea como um orgasmo? Eu pensei assim por um bom tempo. Ainda se encaixa, mas menos do que antes. Eu não estou feliz (mesmo porque meu ceticismo não deixa) mas também não estou triste e muito menos ocioso. Estou passando a acreditar que, assim como a felicidade, a tristesa também é um momento passageiro. Mas aí resta a ociosidade - que é a frieza, que é quando não sentimos nada. Mas não estou assim. Não estou ocioso. Estou pensativo, estou sentindo, estou... não sei explicar como estou.

Eu geralmente tendo a colocar tudo em rótulos, tendo a definir tudo, talvez para melhor me situar perante a determinadas situações. Eu tenho uma cabeça muito cartesiana e racional. É como quando começo a falar sobre música. Eu automaticamente traço estilos musicais, situo as bandas em todos os locais, quero saber com o que uma banda que não conheço se parece. Mas agora, estou sentindo que não deveria posicionar tanto as coisas assim. Acho que devo ser menos minimalista e deixar a visceralidade fluir. Não ao ponto de sair chorando por aí - mesmo porque não há razão para chorar.

Meus sentimentos não estão confusos. Estou simplesmente passando por um tempo de mudanças. Como sempre estive. E como sempre estarei.

Eu gosto de mudar. Eu sinto que preciso sempre estar mudando. É lógico que tem certas coisas que nunca mudam, como certos princípios que tenho dentro de mim - e que considero imutáveis, por achá-los corretos - mas diversas características minhas são passíveis de metamorfose.

Que bom. Fazia tempo que eu não escrevia tanto assim. Não estou sendo sutil mas também não estou vomitando nada. Não há necessidade para fazer essas coisas. Talvez mais tarde. Quando me acontecer alguma coisa. Afinal, as leis de murphy nunca falham.

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